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segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

Sonhos de uns, realidade de outros, desejo de todos.

25 de Janeiro de 2010. Putz, pra mim, uma digna filha de Balzac, não deveria ser uma surpresa "tão" grande. Mas, considerando a origem da minha família e o meu recente contato com o pensamento arcaico (graças as matérias iniciais da graduação)falar 2010 em voz alta, soa meio estranho.

Quando eu era criança acreditava que ao adentrar no séc. XXI estaríamos realmente, ou muito perto disto, vivendo em um mundo como os dos filmes de ficção americanos com roupas especiais, fazendo contato com ETS, tendo amigos robôs e afins.
Mas o que mais me empolgava naquela época era pensar que seríamos capazes de nos comunicar e mover objetos mentalmente. Acreditava que nos locomoveríamos flutuando e que todos os elementos da natureza estariam em "conexão" conosco como eu sentia(embora naquela época eu nem fazia ideia da existência desta palavra).

Eu achava que as outras crianças pensavam como eu, afinal eu sonhava com isso sempre e parecia o mais natural possível. Descobri, com algum preço, que nem todas as crianças e principalmente seus pais pensavam assim. O que me rendeu o apelido carinhoso que me acompanha até os dias atuais: MALUCA. Depois de um tempo eu desisti de contar tudo que pensava, mas meu comportamento me traía...
Me lembro de pegar minha mãe uma noite conversando com meu irmão mais velho sobre me levar ao médico, pois eu falava sozinha com uma certa frequência, sem contar as apostas e as atitudes, digamos assim: meio avançadas e esquisitas pra minha idade.

Tenho recordações nítidas de premonições e situações nas quais eu agi como uma pessoa bem mais velha. Fora o faro pra descobrir tudo que tentavam esconder dentro de casa. Sendo assim, fui parar em um neurologista que descobriu a pólvora pra minha mãe: Foco! Sua filha tem foco, o que explica a falta de concentração, inquietude e todos os comportamentos estranhos. Caraca!! Pelo menos foi uma maravilhosa maneira de ter atenção, com certeza.

Sim, voltando ao 2010. Hoje tento tranquilizar e educar o meu cérebro terreno (que por horas insiste em ver e tentar acompanhar o tempo como uma questão humana)sobre a inexistência do tempo e mostrar ao meu corpo que ele não precisa crer piamente na validade dada pela minha carteira de identidade.


Mas aquela garotinha que acreditava em ter um robô como companheiro quando crescesse teve que se contentar em continuar conversando com seus amigos imaginários, em abraçar árvores escondida dos olhos alheios, em acarinhar as plantas e resgatar formigas e afins da morte eminente sobre contestações incrédulas, em ler pensamentos e fingir surpresa e aceitar que o sofrimento teria explicação no futuro.

Quanto aos sonhos envolvendo comunicação, movimentação de objetos e flutuações, hoje eu compreendo o que representavam e os busco desesperadamente.
Sonho agora com o tempo no qual tudo isto, que é natural, passará a ser a realidade "consciente" de todos nós.
Será que em 2030 eu precisarei escrever aqui? Bastará lançar o pensamento no universo e esperar todo mundo o acessar consciente? Com certeza será maravilhoso....


Um ótimo 2010 para todos nós!