Ela olhou mais uma vez a imagem refletida no espelho e novamente não reconheceu aquela pessoa. Os cabelos caiam em caracóis castanhos até os ombros, o nariz meio torto metade achatado, metade saliente, olhos que pareciam pertencer a duas pessoas distintas: Um profundo amendoado e outro vivo quase voraz formando uma dupla tirana com a boca. Esta quase perfeita graças à teimosia do canto esquerdo em não continuar a curva delicada. As bochechas gravaram as marcas de um sorriso meio torto que mesmo na seriedade insistia em se mostrar. O único equilíbrio vinha do queixo, bem feito, como se tentasse dar dignidade e sustentar sua trupe desequilibrada.
Ela procurou em vão alguma semelhança entre a sua lembrança e a imagem e mais uma vez frustou-se. Resolveu levantar-se então. Não iria perder mais seu tempo ali, decidiu que iria ser na marra. Iria levando até o próximo espelho e depois veria o que ia dar.
No instante que seus olhos desviaram do reflexo, um novo rosto surgia e com ele uma nova pessoa. Com passos rápidos ela pega a bolsa e sai em direção à porta.
Uma lufada de ar fresco lhe refresca a testa úmida. Sol quente, vento e suor pegajoso, uma combinação mais que perfeita se não fosse pelas roupas teimando em grudar-lhe na pele.
- Um dia saio nua! Ela pensa sorrindo e visualizando a cena cômica.
Em meia hora esquece da estranha que lhe olha todos os dias pelo espelho e continua seu caminho.
Isa G.
Isa: feliz 2010 e muita esperança e força.
ResponderExcluirBeijos
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